Total de visualizações de página

segunda-feira, 11 de março de 2013

Meus pais

Caros,

Hoje saio do tema do blog para uma homenagem aos meus pais.

Meu pai tinha uma personalidade que pouco mudou ao longo dos anos: sempre alegre, adorava uma brincadeira. Com ensino fundamental incompleto, tinha uma caligrafia apreciada por todos. Inteligente e envolvente, deixou sua Tatuí natal nos anos 50 para tentar a vida em Santos. Porteiro de hotel, foi convidado a tentar a sorte em uma fábrica de produtos químicos no alto da serra: a então Indústrias Químicas Eletro Cloro, onde foi admitido em 1959.

No ano seguinte, casou com a moça com quem namorava desde a época de Tatuí, camareira nos mesmos hotéis. Minha mãe. Juntos tiveram três filhos, Roberto, o mais velho, Raul, o mais novo, e eu. Nos primeiros anos moravam em uma casinha ao lado do cemitério em Ribeirão Pires. Lutavam com muitas dificuldades, mas eram felizes.

Meu pai se envolveu com o movimento sindical nos anos 60, tendo chegado a Presidente do Sindicato dos Químicos no final dos anos 70 e início dos anos 80.

Enquanto isso cabia à minha mãe administrar a casa e os três filhos, além de trazer para a Terra o espírito sempre sonhador do meu pai, tarefa nada fácil. Rígida, controladora, mas também gostava de uma brincadeira talvez fruto dos anos de convivência com meu pai, eterno brincalhão.

Após deixar o Sindicato, meu pai voltou em 1982 à Eletro Cloro, onde ficou até a merecida aposentadoria, em janeiro de 1988.

Com todas as dificuldades financeiras, mas sempre vivendo bem e com boa comida, eles conseguiram ver formados os filhos, em Economia (Roberto), em Medicida (Raul) e em Direito, eu. Aliás, escolhi essa carreira muito influenciado pelo meu pai, que adoraria ter feito Direito, sem nunca poder. Tenho a honra de ser um bom advogado e trabalhar na mesma empresa que meu pai, desde junho de 1988, meses após a sua aposentadoria.

Filhos crescidos e formados, vieram netos, amados por vovô e vovó, cada qual à sua maneira, sempre com muito carinho.

E assim seguimos aprendendo com eles. Em maio de 2007, vencido por uma doença pulmonar decorrente de décadas de fumo, perdemos a referência e os ensinamentos do meu pai, aos 75 anos de idade.

Mamãe então passou a morar sozinha, no auge de seus setenta e seis anos, recebendo os filhos com seus almoços dominicais. Orgulhosa em suas capacidades, recusou até o final do ano passado a companhia de cuidadoras, necessárias para tomar conta de alguém com osteoporose severa e problemas pulmonares decorrentes, advinhem do que, o velho cigarro que havia levado meu pai.

Tive o prazer de ter mamãe comigo nas últimas passagens de ano. Neste último, já enfraquecida, ela não foi até o mar para saudar 2013, mas estava bem, alegre, até sofrer uma queda que causou uma fratura no quadril. Ela enfrentou a dolorosa recuperação com muita disposição e uma grande capacidade de recuperação: em 24 de fevereiro estava ela toda serelepe no aniversário do neto mais novo. Ela estava contente também porque iria dormir sozinha naquela noite, queria tranquilidade. Levei ela para casa e, em um imperdoável discuido meu, ela sentou na beirada da cama e caiu, fraturando o fêmur.

Internada na mesma noite, foi operada com muito sucesso em 28 de fevereiro, mas o pós-operatório, tão temido pelo Raul, trouxe complicações que ela enfrentou até ontem, quando sofreu duas paradas cardíacas. Hoje sofreu uma terceira, da qual não conseguiu - ou não quis, cansada que estava daquilo tudo - se recuperar. Tinha 81 anos.

Amanhã vamos velar e sepultar nossa mãezinha querida, que tanto nos deu. Eu, certamente, fico em dívida com ela, fiz muito menos que recebi, como aliás a grande maioria dos filhos.

Não é o caso do Raul, que tanto se dedicou a cuidar dos meus pais. Obrigado meu irmão!

Aos meus pais, que espero estejam se reencontrando, todas as minhas homenagens. Vou honrar a memória deles sempre.

Todo o meu amor ao meu pai e à minha mãe.

Vicente, meu pai, com dois dos netos, em 1º de janeiro de 2007

Helena, minha mãe , no último Réveillon

Abraços.

8 comentários:

  1. Respostas
    1. Meu caro Vital,

      Muito obrigado amigo. Agora minha mãe repousa, colhendo os frutos de todas as sementes que plantou ao longo da vida. Foram muitas boas ações.

      Que o casal se reencontre.

      Grande abraço.

      Excluir
  2. Poxa, Reinaldo. Lamento pela sua mãe.
    Que ela reencontre seu pai para mais do que nunca proteger vocês.
    Um abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado Leroi!

      A perda é muito grande, mas vamos aos poucos apoiando uns aos outros e sempre lembrando deles com muito carinho.

      Grande abraço.

      Excluir
  3. Boa noite Reinaldo,
    Eu também já perdi a minha mãe há quase 10 anos e sei que o vazio que fica na nossa vida e no nosso coração jamais será preenchido. Mas, fica a certeza que eles estão bem melhor que nós, que ficamos, e que cumpriram a sua missão, que Deus lhes deu,sendo chamados por Ele após isso. Saiba que estão sempre perto de vc e dos outros filhos que sempre irão amar. Até o dia em que serão reunidos novamente.
    Um abraço e meus pésames pela grande perda!
    Carlos Quezado

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Carlos,

      muito obrigado. Meus pais lutaram incansavelmente para criar e proteger os filhos.

      Fico muito feliz quando recebo mensagens como a sua.

      Um abraço.

      Excluir
  4. Nem te conheço, cara. Moro em Belém - Pa. Longe demais das capitais... Mas desejo, de coração, o teu conforto, paz, felicidades e que tu fiques com a certeza de ela, onde estiver, está bem. E continua sorrindo. Abraços.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Meu caro,

      muito obrigado pela visita ao blog e pelo seu comentário muito gentil.

      Abraços!

      Excluir